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Você tem permissão para ser diferente da sua família?

  • Foto do escritor: Márcia  Fialho Fiuza Lopes
    Márcia Fialho Fiuza Lopes
  • 2 de nov.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 15 de nov.

Fica com os pais  vendo album de fotos
Foto de família

Essa pergunta parece simples. Mas, quando ecoa dentro da gente, pode revelar dores, medos e amarras que nem sabíamos que existiam.

Quantas vezes você já sentiu que, ao tomar uma decisão diferente do que é esperado pela sua família, vem junto uma pontinha de culpa, desconforto ou dúvida?

Quantas vezes você quis algo novo uma carreira, um estilo de vida, uma forma diferente de lidar com dinheiro e se pegou pensando: “Será que eu posso?”

Essa pergunta não nasce à toa. Ela surge porque, antes de sermos quem somos, fomos ensinados a pertencer.


A força invisível do pertencimento


Ivan Boszormenyi-Nagy, criador do conceito de lealdades invisíveis, nos mostra que todos nós, de forma inconsciente, somos guiados por vínculos profundos de lealdade com nossas famílias. Muitas vezes, sacrificamos partes de nós mesmos para manter esse pertencimento intacto.

 

“Mesmo que a pessoa negue os valores da família, pode seguir obedecendo às lealdades mais profundas de forma silenciosa, como um tributo invisível aos vínculos que sustentaram sua existência” (Boszormenyi-Nagy, 1983, p. 41).

 

É por isso que pode ser tão difícil escolher um caminho diferente. Porque, no fundo, a pergunta não é só “eu posso ser diferente?”, mas sim: Se eu for diferente, ainda vou ser amada?


Genograma: o espelho que revela padrões


Pais e filhos
Foto de família no parque

Ao construir um genograma terapêutico, conseguimos enxergar com mais clareza os padrões que atravessam gerações repetições de profissão, de relações afetivas, de formas de lidar com o dinheiro, com o sucesso, com a dor.

 

McGoldrick, Gerson e Petry (2012) mostram que o genograma permite mapear esses “legados silenciosos”, muitas vezes transmitidos sem palavras, mas vividos com intensidade:


  • Mulheres que abrem mão de seus sonhos para cuidar da família;


  • Homens que adoecem por carregar sozinhos o peso de prover;


  • Histórias de escassez que se repetem, mesmo em tempos de abundância;


  • Vínculos rompidos por quem ousou “sair do script” familiar.


E então, quando alguém da nova geração escolhe um caminho diferente decide prosperar, viver de forma mais leve, se cuidar, dizer “não”  esse movimento pode provocar desconforto, não só nela, mas no sistema inteiro.


A culpa de quem rompe o padrão


É muito comum que, ao quebrar um ciclo, a pessoa sinta culpa. Uma culpa que não tem nome, mas que pesa. Aquela sensação de estar “indo contra” quem veio antes, de estar abandonando a origem, de estar traindo alguém que fez tudo por ela.

Mas, como lembra Anne Ancelin Schützenberger (2021), “libertar-se de um padrão não é negar a história da família, mas sim honrá-la de forma consciente, escolhendo o que seguir carregando e o que não faz mais sentido manter” (p. 93).

 

Você pode ser o ponto de virada da sua linhagem, ser diferente não é deslealdade, às vezes, é o maior ato de amor que você pode oferecer à sua história.

 

É como se você dissesse:


Eu vi o que vocês viveram, eu entendi o que fizeram com o que tinham, e agora, com tudo o que recebi, eu escolho seguir de outra forma.

 

Você não precisa apagar o passado, mas pode escrever um novo capítulo.

 

Conclusão o amor continua, mesmo na mudança, você tem, sim, permissão para ser diferente da sua família. E, se ainda sente que não tem, esse sentimento pode ser um convite para um processo de autoconhecimento, reconciliação e fortalecimento interno.

 

 Através do genograma e da psicoterapia, é possível compreender de onde vem essa culpa, que pactos emocionais ainda te prendem, e como se libertar sem precisar cortar laços apenas ressignificá-los.

 

Se essa pergunta ainda dói em você, talvez seja hora de dar um passo em direção a si mesma. Eu estou aqui para te acompanhar com cuidado e verdade nesse caminho.



 
 
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