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Crenças familiares sobre dinheiro: o que o genograma pode revelar?

  • Foto do escritor: Márcia  Fialho Fiuza Lopes
    Márcia Fialho Fiuza Lopes
  • 2 de nov.
  • 3 min de leitura
Família na praia
Família na praia

Você já percebeu como algumas frases sobre dinheiro parecem se repetir na sua cabeça como se fossem verdades absolutas?


Coisas do tipo:


  • Dinheiro não traz felicidade.

     

  • É preciso trabalhar duro para merecer alguma coisa.

     

  • Quem tem dinheiro, não tem tempo para a família.

     

  • Se eu ganhar muito, vão se afastar de mim.


Essas afirmações, muitas vezes, não são suas. Elas fazem parte de um pano de fundo familiar que molda a forma como você pensa, sente e se comporta diante do dinheiro  mesmo que você nem perceba.

 

Essas são as chamadas crenças familiares sobre dinheiro. E uma das formas mais profundas e terapêuticas de identificá-las é por meio do genograma.


O que são crenças familiares sobre dinheiro?


Crenças familiares são ideias internalizadas que passam de geração em geração, quase sempre de forma inconsciente. Elas são formadas por histórias vividas, valores transmitidos, traumas não elaborados, segredos ou até idealizações dentro da família.

 

Quando falamos de dinheiro, essas crenças moldam:


  • Como vemos o trabalho e o merecimento;

  • Como lidamos com escassez ou abundância;

  •  A forma como tratamos a prosperidade, o sucesso ou o fracasso;

  •  Nossos sentimentos ao cobrar, gastar, investir ou doar.

 

Como explica Anne Ancelin Schützenberger (2021), “as famílias transmitem não apenas heranças materiais, mas também legados emocionais e simbólicos aquilo que é permitido ou proibido, aquilo que se espera ou se evita” (p. 87).


O papel do genograma: revelando o invisível


Foto de família
Foto de família

O genograma é um mapa da história familiar que vai além da genealogia. Ele nos permite visualizar os padrões que se repetem ao longo das gerações, especialmente nas relações afetivas, de poder, e claro, financeiras.

 






Ao construir um genograma com foco em dinheiro, podemos:

 

Localizar eventos marcantes: falências, heranças, perdas, rupturas;

 

Identificar crenças que se repetem: homem é quem sustenta, dinheiro não aceita desaforo, quem ganha, perde depois.

 

Revelar papéis familiares: quem era o provedor, o endividado, o poupador compulsivo, o dependente financeiro?


Entender vínculos de lealdade invisíveis: não posso prosperar mais que meu pai, não quero ser como aquele tio rico que todo mundo criticava.


Como apontam McGoldrick, Gerson e Petry (2012), o genograma oferece uma linguagem simbólica para acessar as regras implícitas que organizam a vida familiar — muitas delas relacionadas a dinheiro, valor, controle e reconhecimento (p. 42).


Crenças comuns que o genograma pode ajudar a revelar


Foto de casal antigo
Foto de casal antigo

Dinheiro é perigoso

Famílias que viveram experiências traumáticas associadas a dinheiro como perdas, dívidas ou brigas por herança podem carregar essa ideia como uma proteção emocional.


Para ter valor, é preciso se sacrificar

Em histórias onde o esforço foi exaltado como virtude, o prazer pode ser visto como culpa. Isso afeta diretamente a forma como a pessoa se permite viver bem com o que conquista.


Não posso ter mais do que meus pais tiveram

Um tipo de lealdade invisível que sabota o sucesso financeiro, mesmo quando todas as condições objetivas estão favoráveis.

 

Só se vive uma vez, então gasto tudo

Uma resposta emocional à imprevisibilidade da vida comum em famílias que passaram por perdas súbitas.

 

Eu preciso cuidar de todos

Muitas vezes associado a mulheres que assumem o papel de provedoras emocionais e financeiras, repetindo padrões de maternagem invisível.


O que muda quando a gente vê?


Como diz Boszormenyi-Nagy (1983), “só conseguimos libertar-nos do que conhecemos  o que permanece oculto, nos controla” (p. 53).

O genograma, ao revelar essas crenças, traz à consciência o que antes era apenas um sintoma: a ansiedade ao gastar, a dificuldade em cobrar, o medo de ganhar, o vício em salvar financeiramente os outros, a culpa por ter.

 

E a partir daí, é possível:

 

  • Identificar de onde vêm esses padrões

  • Escolher o que faz sentido manter

  • Ressignificar histórias com compaixão

  • Escrever novas possibilidades, mais alinhadas com os próprios valores.


Conclusão


As crenças familiares sobre dinheiro não são sentenças. São histórias  muitas vezes de dor, medo ou sacrifício que podem ser vistas, compreendidas e, quando for possível, transformadas.

 

O genograma é esse espelho gentil, que nos permite enxergar não só quem fomos, mas quem ainda podemos ser.

Se você sente que está repetindo histórias que não são suas, que carrega pesos invisíveis ou que não consegue prosperar mesmo se esforçando muito… talvez seja hora de olhar para sua história com mais profundidade.

 

Se quiser iniciar essa jornada de autoconhecimento e reconciliação com o dinheiro e com a sua história, estou aqui.

Será um privilégio caminhar com você.


 

 
 
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