O que é Psicologia do Dinheiro e como o psicólogo pode ajudar nas dificuldades financeiras
- 14 de out.
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Falar sobre dinheiro, para muita gente, ainda é sinônimo de desconforto. É como se existisse um território proibido, silencioso, onde se misturam vergonha, medo, culpa e até orgulho. Mas o que acontece quando esses sentimentos tomam as rédeas da nossa vida financeira? É aí que entra a Psicologia do Dinheiro uma área que busca compreender o significado subjetivo do dinheiro e como ele influencia nossas emoções, relações e escolha.
Afinal, o que é a Psicologia do Dinheiro?
A Psicologia do Dinheiro é o campo que estuda o comportamento das pessoas em relação ao dinheiro, suas crenças, atitudes e a forma como o utilizam, considerando também o impacto do dinheiro nas relações humanas (Furnham & Argyle, 2000). Ela se distingue da Psicologia Econômica, que foca nas interações entre indivíduos e sistemas econômicos mais amplos.
Por trás de uma dívida impagável, de um padrão de consumo compulsivo ou de um medo excessivo de gastar, muitas vezes existem questões emocionais profundas, traumas de infância, crenças limitantes e conflitos internos. O dinheiro, nesses casos, não é o problema em si, mas um espelho das nossas histórias emocionais.
Dinheiro como símbolo: mais do que números

Como mostram os estudos de Zhou, Vohs e Baumeister (2009), o dinheiro possui um poder simbólico que ultrapassa sua função prática. Ele pode representar autonomia, status, segurança ou mesmo substituição de vínculos sociais. Em momentos de dor ou rejeição, por exemplo, apenas lembrar de dinheiro pode reduzir o sofrimento emocional e físico não porque ele "cura", mas porque ativa a sensação de poder e autossuficiência.
Trachtman (1999) aprofunda esse olhar ao afirmar que o dinheiro é um projetor de preocupações emocionais, carregado de significados inconscientes que remetem à autoestima, poder, controle, valor pessoal. Para alguns, falar de dinheiro é tão íntimo quanto falar de sexualidade um verdadeiro tabu, inclusive dentro dos consultórios de psicoterapia.
O dinheiro tem o valor que damos a ele
No Brasil, o estudo de Moreira (2002) mostrou que o significado do dinheiro varia conforme a região e as vivências socioculturais das pessoas. Enquanto no Norte prevalece a ideia de estabilidade, no Sudeste predominam associações com poder, desigualdade e prazer. Isso mostra que nossas crenças sobre dinheiro são aprendidas e moldadas pelas experiências familiares, sociais, culturais e individuais.
Como o psicólogo pode ajudar?
O psicólogo financeiro pode ajudar muito quem enfrenta dificuldades financeiras não necessariamente ensinando a organizar planilhas ou investir, mas promovendo autoconhecimento. Afinal, por trás de uma decisão financeira existe uma motivação emocional, consciente ou não.
Na prática clínica, o psicólogo pode:
· Ajudar a identificar crenças disfuncionais sobre o dinheiro (como não mereço ter, dinheiro é sujo ou ter dinheiro me afasta dos outros);
· Trabalhar o impacto emocional de traumas financeiros, como falências, desemprego ou padrões herdados de escassez;
· Explorar como o dinheiro aparece nas relações interpessoais, afetando autoestima, dependência, controle, culpa ou competição;
· Desfazer o tabu de falar sobre dinheiro no setting terapêutico, acolhendo o tema com a mesma seriedade e empatia dedicada a outros sofrimentos;
· Ampliar a consciência sobre os padrões de consumo, poupança e endividamento, promovendo escolhas mais alinhadas com os próprios valores e necessidades.
Como lembra Needleman (1991), citado por Trachtman: "O dinheiro deve se tornar uma ferramenta no único empreendimento que vale a pena para qualquer homem ou mulher modernos que queiram, seriamente, encontrar o sentido de suas vidas: devemos usar o dinheiro para estudar a nós mesmos, como somos e como podemos nos tornar."

Conclusão
A Psicologia do Dinheiro nos convida a olhar para além dos boletos. Ela propõe um encontro sincero com nossos valores, emoções e histórias pessoais, para que possamos transformar a relação com o dinheiro em algo mais saudável, consciente e libertador. Não se trata de ter mais ou menos, mas de viver com mais clareza, equilíbrio e bem-estar financeiro e o psicólogo pode ser um importante aliado nessa jornada.
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