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A relação do indivíduo com o dinheiro: um espelho de histórias, emoções e crenças

  • Foto do escritor: Márcia  Fialho Fiuza Lopes
    Márcia Fialho Fiuza Lopes
  • 2 de nov.
  • 3 min de leitura

Família feliz caminhando no bosque
Família feliz caminhando no bosque

Falar sobre dinheiro é falar sobre muito mais do que números ou planilhas. É mergulhar em histórias de vida, em memórias de infância, em valores herdados e, muitas vezes, em conflitos internos profundos. A nossa relação com o dinheiro é como um espelho ela reflete quem somos, de onde viemos e até onde achamos que podemos ir.

 

Neste artigo, convido você a olhar para esse espelho com mais curiosidade e acolhimento. Vamos explorar, com base em estudos da psicologia econômica e financeira, o que influencia a forma como nos relacionamos com o dinheiro e como isso pode impactar nosso bem-estar.


O "mundo do dinheiro" de cada um


De acordo com Miriam Tatzel (2002), cada pessoa vive em um “mundo do dinheiro” particular. Para alguns, o dinheiro flui com leveza; para outros, é guardado com extremo cuidado. Em algumas realidades, ele é sinônimo de status e conquista; em outras, é visto como meio para viver experiências. Essas combinações únicas entre materialismo (valores ligados à posse de bens) e disposição com o dinheiro (ser mais controlado ou mais gastador) formam padrões que dizem muito sobre o indivíduo.

 

E há um ponto importante: tanto o excesso de controle quanto o consumo desmedido estão ligados a menores níveis de bem-estar. O equilíbrio, como em quase tudo na vida, parece ser o caminho mais saudável.


A infância como solo fértil de crenças financeiras



Três crianças sorrindo
Três crianças sorrindo

Você já parou para pensar nas mensagens que ouviu sobre dinheiro quando era criança? Os estudos sobre moneygrams (Furnham et al., 2014) mostram que nossas lembranças da infância o que vimos, ouvimos e sentimos em relação ao dinheiro moldam nossa forma de lidar com ele na vida adulta. Frases como "dinheiro é sujo", "tem que guardar para não faltar", ou "só se vive uma vez, gaste!" podem virar roteiros inconscientes que repetimos sem perceber.

 

Essas mensagens familiares, muitas vezes não ditas em voz alta, ficam gravadas em nós. Elas podem nos conduzir a comportamentos compulsivos, evitativos ou desequilibrados financeiramente. 


A família como transmissora silenciosa


Pesquisas como a de Britt (2016) reforçam o papel da transmissão intergeracional das atitudes financeiras. A forma como nossos pais e avós lidaram com o dinheiro influencia diretamente nossas crenças e comportamentos mesmo quando tentamos fazer tudo diferente. Isso porque, muitas vezes, estamos presos a lealdades invisíveis (Nagy) ou vivendo o conflito descrito por Vincent de Gaulejac como neurose de classe aquele medo de prosperar e “trair” nossas origens.

 

Nesses casos, o dinheiro se torna palco de conflitos identitários profundos: “Se eu tiver mais que meus pais, ainda serei parte da minha família?” “Tenho permissão para viver uma vida diferente?”


Personalidade e gênero: filtros que também contam


Pais com crianças gêmeas
Pais com crianças gêmeas

A psicologia do dinheiro também reconhece o impacto da personalidade. Pessoas com traços de conscienciosidade (organização, disciplina) tendem a poupar e planejar melhor. Já quem tem alto neuroticismo (instabilidade emocional) pode usar o consumo como fuga emocional (Donnelly et al., 2012).

 

E o gênero? Também influencia. Estudos apontam que mulheres, por questões culturais e sociais, se mostram menos propensas a correr riscos financeiros, sentem mais culpa ao ganhar mais que o parceiro e muitas vezes evitam negociar salários. Essas crenças, internalizadas desde cedo, também moldam o modo como cada um se relaciona com o dinheiro.


O dinheiro como símbolo: amor, poder, liberdade


Como nos ensinam Mumford & Weeks (2003), o dinheiro é um símbolo carregado de significados: pode representar amor, controle, reconhecimento, liberdade. Cada pessoa projeta algo diferente no dinheiro. E nas relações especialmente nos casais essas diferenças podem gerar ruídos importantes.

 

É por isso que ferramentas como o genograma financeiro e a escuta terapêutica são tão potentes. Elas ajudam a revelar padrões, crenças e emoções que estão por trás de comportamentos financeiros disfuncionais ou dolorosos.


Conclusão: conhecer para transformar


Reconhecer como nos relacionamos com o dinheiro é um ato de autoconhecimento e cuidado. Não se trata apenas de ajustar o orçamento, mas de entender nossas histórias, rever crenças, curar feridas emocionais e abrir espaço para escolhas mais conscientes e alinhadas com quem realmente somos.

 

Talvez a sua relação com o dinheiro esteja pedindo mais escuta. Mais compaixão. Menos julgamento. E, quem sabe, um novo capítulo — mais livre, leve e autoral.


Quer aprender a se relacionar melhor com o seu dinheiro, entre em contato.



 
 
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